APERFEIÇOAMENTO MORAL – O FIM MAIOR DA VIDA HUMANA

Caridade é sentir pelo filtro do perdão e agir pela doçura da indulgência.

Perdoar é pedir perdão, porque toda cota de mal que recebemos, seja vinda das mãos de um conhecido ou de um desconhecido, é sempre a colheita de males que já fizemos. O perdão é o único filtro capaz de impedir que o mal fora de nós torne-se um mal dentro de nós, pois perdoar é não deixar que o mal do outro passe a ser o seu próprio mal.

Ele, o justo por excelência, responde a Pedro:

“Perdoarás ilimitadamente a cada ofensa, ensinando aos teus irmãos o esquecimento de si mesmo, eis o que torna a criatura invulnerável aos ataques.”

381O esquecimento completo das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e inferioridade. Mas aquele que, em sucessivas vidas, aprendeu a incorporar o bem em si é capaz de manter-se benevolente ainda que receba o mal.

A bondade não é uma virtude gratuita; é uma postura de força, porque imperfeitos, somos inclinados ao mal quando recebemos a maldade, e é preciso fazer força para, ao receber o mal, entregar o bem que nos torna melhores.

Se o mal vindo de outro produz uma reação maldosa em mim, é evidente que não sou bom. Refletir sobre isso é fundamental. Grande problema é nascer num mundo de devedores, como a Terra, e exigir justiça, crendo-se já bom, sem de verdade sê-lo; é um imenso erro que cometemos quando não nos instruímos sobre quem somos e os porquês daqui estarmos.

Neste mundo, estamos todos expostos à inumeráveis “injustiças” em todas as áreas, injustiças estas que nos ferem o íntimo através de aflições diretas à nossa pessoa ou por meio dos nossos mais caros afetos. São as provas e expiações morais.

A cada um é dado segundo suas obras. Por isso, o mal que me fazem é problema de quem faz, e o mal que eu produzo, seja em pensamento ou em atos, seja por iniciativa minha ou por desejo de revide, é problema meu.

Se nos dizemos bons, mas nos tornamos maus quando recebemos o mal, ou a maldade sobrepuja a bondade (o que não é verdade), ou não somos bons de verdade. Isto precisa estar muito claro que para que floresça, em nós, a necessidade de aperfeiçoamento moral.

382Não podemos nos medir pelos padrões de uma sociedade adoecida nestes conceitos. As escrituras dizem, talvez metaforicamente (talvez não), que são muitos os chamados, mas serão poucos os escolhidos. Reflitamos nisso…

Não é porque todo mundo prioriza valores de superfície exterior, que a maioria age e vive de um determinado modo, que isso está certo. Afinal, queremos ir para onde a maioria, provavelmente, vai? Inferno, umbral, purgatório, seja o que for, não parecem ser lugares bons.

A prova da bondade consiste em receber a injustiça e, ainda assim, manter-se bondade. A bondade é uma virtude que obtemos à medida que damos; é entregando a bondade por esforço que a divindade produz em nós a bondade por vontade.

Os grandes males não estão nas ações maldosas dos outros; os grandes males estão no egoísmo e no orgulho que habitam em nós. É o egoísmo que nos faz pensar nos ensinamentos nobres apenas quando estamos sofrendo, que nos impele a buscar o alimento superior somente uma vez por semana, nos cultos religiosos. Não é suficiente. Jamais seremos bondosos sendo “bonzinhos” por algumas horas, para voltarmos a ser ególatras nos momentos seguintes.

A igreja, o templo, o culto, enfim, o sentimento nobre de benevolência precisa ser cultivado o tempo todo. Mas o egoísmo nos mantém desinteressados dos verdadeiros valores da vida, e o orgulho nos faz revidar o mal com o mal; são estes, sem dúvidas, os grandes vilões do nosso atraso.

10505623_592777547501855_7118528618826449729_nA maior fraqueza das almas imperfeitas é a falta de vontade de melhorarem-se, porque creem-se já boas. Vivem em meio a sentimentos de perturbação, como mágoa e raiva e, pelo imediatismo de quererem resolver tudo à sua maneira, pois o orgulho lhes cega com a certeza de que estão absolutamente certas, infelicitam-se ao verem que o mundo não é do jeito que querem.

A Felicidade, em realidade, não está na satisfação dos prazeres biológicos, nem na conquista de bens materiais, nem na realização de desejos imperfeitos do ego. A Felicidade é uma construção milenar complexa.

Apenas o aperfeiçoamento moral, através do estudo e da prática virtuosa, é capaz de transmutar nossas tacanhas capacidades intelectivas, diminuindo-nos a imensa ignorância que restringe os nossos pontos de vista sobre justo, consolador e feliz, ou injusto, revoltante e triste. Independentemente das convicções filosóficas ou religiosa que tenhamos, somente o desenvolvimento moral contém a “fórmula” para nos tornar, gradualmente, aptos a trilhar caminhos de verdadeira Felicidade.

Pensemos nisso.

Para uma reflexão mais profunda, ouça a brilhante Palestra de Cosme Massi “A CARIDADE NA VISÃO ESPÍRITA”.

Muita paz.ais

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